Armindo Gonçalves, CEO da Planta Livre, é o exemplo de que as raízes sustentam, mas não definem o futuro. Oriundo de uma família carenciada, veio de Cabeceiras de Basto onde ainda criança se dedicava à agricultura de subsistência para ajudar a família. O pai austero e a mãe que considera uma força da natureza moldaram-lhe os sonhos e a determinação. 

Olhava para a família, onde o pai dava as ordens e os filhos correspondiam como empregados, e crescia a vontade de se tornar um empresário, fazendo diferente do pai. “Se o meu pai com esta austeridade toda consegue isto, eu, com amor, com empatia (se calhar não conseguia proferir estes palavrões na altura), com afetividade conseguirei ter resultados muito melhores”, conta Armindo.

Após terminar o 12º ano sentiu-se numa encruzilhada e decidiu então ir para a tropa ganhar experiência e tempo para se descobrir. Nos três anos e meio que permaneceu no serviço militar, chegou a oficial e instruiu cerca de 550 recrutas. E foi aí que “descobri que tinha jeito para liderar pessoas. Através da empatia, do bom senso e do trabalho. Ainda hoje olho para trás e penso como é possível com aquela idade ter descoberto aquilo que se apregoa tanto hoje: tratar bem as pessoas!”.

Já o sonho de ser empresário não esmorecia. Saiu da carreira militar e criou a Ideal Jardins. “Um humilde negócio de jardinagem”, continua o CEO. No primeiro ano do negócio, ao domingo, com a mulher e os dois filhos pequeninos no banco de trás do carro, ia pela marginal à procura de jardins descuidados e, de porta em porta, deixava um cartão de visita.  Às vezes o telefone tocava.  Há, no entanto, um episódio que lhe está gravado, quando num desses dias o dono de um condomínio lhe disse “vai à tua vida, dá a tua voltinha, o dia está bom para a praia, podes contar com o trabalho. Já te tirei a pinta. Toca o negócio para a frente, porque mais vale um péssimo negócio do que bom emprego”.

Armindo Gonçalves é atualmente proprietário de três empresas cujo volume de negócios total ronda os 25 milhões de euros. Só a Planta Livre, principal marca do grupo de três criada em 2006 em parceria com o irmão, fatura cerca de 10 milhões e é um exemplo de sucesso. A marca trabalha para o mercado nacional, mas vende também plantas para os quatro cantos do mundo. Situada na zona de Sintra e embrulhada numa paisagem verde, facilmente a Planta Livre passa despercebida a quem não conhece. Em Marvila têm também um espaço com um conceito diferente. 

“É um negócio que me traz uma visão do que é o viveirismo em Portugal de uma forma muito peculiar. É muito raro na Europa e ímpar em Portugal. Um viveiro não cresce tão rápido. Eu podia dizer meia dúzia de palavras bonitas que caracterizam o sucesso, mas acho que fomos mesmo muito disruptivos quando, a partir de uma empresa de jardinagem, criámos uma de produção de plantas e desafiámos o mercado a comprá-las à própria concorrência. Uma empresa de jardinagem a vender plantas a jardineiros e a empresas de jardinagem”. Mas a concorrência nunca se revelou um problema, graças à regra instruída pelo líder da Planta Livre: “vamos se tão bons, ter um sentido de responsabilidade tão grande na premissa de partilhar conhecimento e de desenrascar no dia a dia que as pessoas vão aderir”. 

Armindo Gonçalves não se esconde atrás de memórias, nem de imagens de perfeição: “Há um sem número de pessoas à minha volta ao qual tanto estendo a mão, tanto para dar como para pedir. Não tenho dúvidas de que sou disruptivo e luto todos os dias para ser um líder empático, com comunicação assertiva, a contar com os outros, com muito sentido de responsabilidade e humildade. E isto que acabo de dizer são os ingredientes para uma coisa que se chama amor”. 

“Não sei se esta é a fórmula de um Líder Extraordinário, mas é uma extraordinária fórmula”.

“Os negócios, para mim, são uma forma de estar na vida. Eu sou a prova, não é preciso muito para se conseguir um sucesso que considero muito acima da média, muito acima do que eu alguma vez pensaria”.

O sonho de ser empresário concretizou-se, mas a tenacidade de Armindo Gonçalves não se esgotou: “Tenho um orgulho imenso, embora me sinta sempre uma criança em desenvolvimento e com uma juventude muito própria de quem acha que ainda não alcançou nada”.

Veja a conversa na íntegra no Brands Channel.