A Cruz Vermelha Portuguesa é um símbolo incontornável da nossa sociedade.

A sua história de 160 anos confunde-se com a história da Humanidade. É um bastião da ajuda humanitária . Mas o seu trabalho vai muito para além do socorro em situações de catástrofe. É, acima de tudo, uma força mobilizadora de pessoas que, em conjunto, têm transformado as diversas necessidades da população em ação e em impacto duradouro. Assume-se como uma instituição dinâmica, que diariamente se adapta aos desafios que a sociedade coloca e que, com o seu trabalho, ajuda a escrever novas histórias de vida.

O trabalho da instituição é guiado por sete princípios fundamentais que definem a identidade e missão:

Humanidade
Imparcialidade
Neutralidade
Independência
Voluntariado
Unidade
Universalidade

Com uma rede alicerçada em 147 estruturas locais e 8 serviços autónomos, distribuídos por todo o país, a Cruz Vermelha Portuguesa orgulha-se de ter uma capacidade de resposta garantida pela proximidade e pela compreensão das reais necessidades de cada comunidade. Uma capilaridade territorial que permite atuar em quatro áreas fundamentais:

Intervenção Social – Apoio a mais de 120 mil pessoas, incluindo famílias em situação de vulnerabilidade, pessoas em situação de sem-abrigo, vítimas de violência doméstica, seniores, crianças, jovens, migrantes e refugiados, em 2023.

Saúde - Garante acesso universal a cuidados de saúde através da gestão de unidades de cuidados continuados, equipas de resposta em saúde mental e programas de promoção da saúde em comunidades em situação de fragilidade.

Formação e Educação - Promove formação de excelência através de três escolas superiores de saúde, cursos de primeiros socorros e formação profissional.

Emergência e Resposta Humanitária - Atua em cenários de crise, prestando socorro imediato, auxiliando o Estado enquanto agentes de Proteção Civil, realizando transporte de doentes e vítimas e operacionalizando centros de acolhimento temporário para aqueles que necessitam de abrigo e apoio. Sem esquecer a advocacia e a disseminação dos princípios basilares do Direito Internacional Humanitário.

Dignidade, capacitação e autonomia das populações vulneráveis

A Cruz Vermelha Portuguesa alia a tradição ao compromisso com a inovação e a sustentabilidade. Com uma abordagem baseada em três pilares - resposta imediata, capacitação e promoção da autonomia – de que são exemplo os programas sociais, que mais do que fornecer ajuda pontual, criam condições para que as pessoas recuperem com dignidade a sua independência. “A CVP é mais do que uma resposta imediata: somos um motor de transformação social”, diz Tânia Henriques, Head of Communications, Marketing and Fundraising da Cruz Vermelha Portuguesa.

Com a premissa “de que ajudar não é apenas dar, mas capacitar”, a instituição procura dar resposta imediata, mas também apoiar a recuperação e a autonomia dos que apoia. Porque a transição de uma abordagem meramente paliativa para uma intervenção focada na autossuficiência é fundamental para quebrar os ciclos de pobreza e exclusão.  Garantir a dignidade das pessoas é uma estratégia essencial para o sucesso das intervenções, através da valorização da capacidade de escolha e do valor individual de cada pessoa apoiada, permitindo a cada uma tornar-se protagonista na superação das adversidades, restaurando a sua confiança e proporcionando os recursos necessários para prosperarem.

Manifesto da Cruz Vermelha Portuguesa

Presentes há 160 anos. Pela Dignidade.

Mais do que um símbolo de ajuda humanitária, a Cruz Vermelha Portuguesa é a força mobilizadora de um conjunto de pessoas cuja presença dinâmica e constante transforma a necessidade em esperança, encurtando as distâncias com um gesto e ajudando a encontrar novos rumos para uma vida digna. “Estar presente é ver o invisível, ouvir o que não é dito e agir quando ninguém mais o faz. É estender a mão no meio de uma emergência, proferir uma palavra que conforta na solidão, oferecer um gesto que devolve a dignidade. É o ato de transformar cada encontro numa ponte, unindo pessoas e comunidades”, acrescenta a responsável.

“Este ano celebramos 160 anos e é o momento em que renovamos o nosso compromisso: com a vida, com o outro e com o futuro. Porque a presença não tem hora, a proximidade não tem limites e o sentido de humanidade não pode ter fim.

Durante estes 160 anos estivemos perto daqueles que mais precisaram. É isso que nos define e também aquilo que nos torna indispensáveis. Porque sabemos que não basta chegar; é preciso ficar. Não basta assistir; é preciso orientar e capacitar. Não basta ajudar; é preciso acreditar que cada gesto, por menor que pareça, tem o poder de mudar uma vida”.

Empobrecimento emergente

"Estamos perante uma verdadeira emergência social. Nunca, em décadas de história da Cruz Vermelha Portuguesa, tivemos um crescimento tão abrupto nos pedidos de apoio. A nossa capacidade de resposta está no limite e precisamos, mais do que nunca, do apoio da sociedade para continuar a ajudar quem mais necessita", alerta António Saraiva, presidente Nacional da Cruz Vermelha Portuguesa. "Esta crise não distingue estatutos. Já não estamos apenas a apoiar desempregados ou populações vulneráveis, mas também famílias com rendimentos médios e baixos que foram empurradas para a insegurança financeira”. 

O risco crescente de pobreza e exclusão social afeta trabalhadores, desempregados, inativos, famílias monoparentais e numerosas, evidenciando as dificuldades da recuperação económica e social dos últimos anos. Os pedidos de apoio revelam uma mudança preocupante no perfil de beneficiários. De forma alarmante, cresce também o número de pessoas empregadas que, apesar de terem trabalho, não conseguem cobrir despesas básicas como alimentação e habitação.

• Aumento histórico em 2023: subida de 73% nos pedidos de ajuda em relação ao ano anterior, um marco sem precedentes na história recente da CVP

  
  

• Crescimento contínuo em 2024: aumento dos pedidos em 53% face a 2023, sinalizando uma escalada de necessidades sociais

  
  

• Bens de primeira necessidade: subida de 62% nos pedidos de bens essenciais, como alimentação e produtos de higiene, evidenciando a crescente dificuldade das famílias em garantir condições básicas de vida

Seniores | Isolamento social

A CVP promove programas focados na melhoria da qualidade de vida das pessoas mais velhas, abordando questões relacionadas com isolamento social, solidão e promoção de um envelhecimento saudável e ativo. Com uma intervenção assente em três pilares: resposta imediata, capacitação e promoção da autonomia dos seniores.

Dados de 2023, apontavam mais de 500 mil pessoas idosas a viver sozinhas e um crescimento médio de 2% no ano. Portugal é o país da União Europeia com maior percentagem de população idosa, o segundo da União Europeia com maior índice de envelhecimento e o quarto do Mundo com maior proporção de cidadãos idosos.

Pessoas em situação de sem abrigo

Em 2023, registou-se um aumento de 80% no número de pessoas apoiadas (69% dos quais homens), face a 2022, e a Cruz Vermelha Portuguesa apoiou perto de 2 mil pessoas.

Em 2024, deu-se novo aumento de 76% no apoio a pessoas sem teto pela Cruz Vermelha Portuguesa. Um crescimento de 34% no número médio de refeições diárias servidas, refletindo o agravamento da crise social. E uma quebra de 31% no número de beneficiários da resposta de alojamento, pois muitas pessoas não conseguem sair para soluções mais permanentes.

Vítimas de Violência Doméstica

A Cruz Vermelha Portuguesa trabalha para proteger, apoiar e capacitar as vítimas, oferecendo segurança e dignidade.

Em 2023, a instituição prestou apoio a 1.655 vítimas (das quais 269 eram crianças e jovens no âmbito das Respostas de Apoio Psicológico); e 1.339 só no 1º semestre de 2024.

Mais de 600 vítimas e filhos menores acolhidos; 6 mil vítimas assistidas através de serviços de teleassistência; 2.073 vítimas transportadas para espaços de segurança.

A Cruz Vermelha Portuguesa dispõe dos seguintes equipamentos para vítimas de violência doméstica: 12 Estruturas de Atendimento e Acompanhamento; 7 Casas de Acolhimento de Emergência; 1 Casa Abrigo. Para além disso, disponibiliza suporte emocional, jurídico e psicossocial prestado a vítimas e famílias.

Outros Apoios da Cruz Vermelha Portuguesa

• Cartão DÁ

  Substituição dos cabazes alimentares tradicionais por um cartão que permite às famílias escolher os produtos de que necessitam, respeitando a sua individualidade e promovendo autonomia.

  Este apoio na alimentação faz parte de um processo mais amplo de capacitação e empoderamento, promovendo maior dignidade e autonomia na escolha dos alimentos, de forma mais equilibrada e respeitando restrições alimentares

  
  

  As equipas sociais da Cruz Vermelha Portuguesa, particularmente no interior do país, monitorizam de perto as dificuldades financeiras das famílias acompanhadas, reforçando a importância deste apoio para agregados familiares numerosos e idosos com reformas baixas. Muitas destas famílias vivem com rendimentos abaixo do salário mínimo nacional, o que torna este apoio essencial para garantir a sua subsistência e dignidade.

  
  

  Em 2024, foram distribuídos 745 novos cartões, beneficiando mais 1.800 pessoas e representando um apoio de 626 mil euros. Desde 2021, o programa já apoiou 10 mil pessoas e atribuiu 2,7 milhões de euros.

  
  

• Programa Mais Feliz

  Combate à pobreza e exclusão social com uma abordagem que combina apoios imediatos e planos de ação estruturados.

  Um apoio onde 40% é direcionado à habitação, 25% a bens essenciais, e o restante a saúde, educação e apoio jurídico. Em 2024, este Programa beneficiou 950 famílias (67% das pessoas apoiadas eram mulheres, sobretudo entre os 50 e 59 anos)

  
  

  “Estamos sempre presentes, transformando cada encontro numa ponte, unindo pessoas e comunidades”, diz Tânia Henriques.

O Futuro da Cruz Vermelha Portuguesa

Olhando o futuro, a instituição assegura a aposta na inovação e no fortalecimento das parcerias. E continuar a ser também um agente de mudança, preparado para agir quando necessário, e ajudar a construir um futuro em que todos possam viver com equidade, respeito e justiça.

“Acima de tudo, buscamos criar planos de intervenção individual que visam capacitar para a autonomia e para a construção de percursos de vida com dignidade”, explica a Head of Communications, Marketing and Fundraising.

Ao longo dos últimos 160 anos, a instituição tem respondido a todas as situações que colocam a dignidade humana em risco, apoiando os que mais necessitam, seja em conflitos armados, desastres naturais, ou nas adversidades quotidianas. Missão que se mantém, até hoje, desde os primeiros momentos da fundação, em 1864, quando representado pelo médico-militar José António Marques, Portugal se juntou aos demais países signatários da Convenção de Genebra.

Este organismo português faz parte do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, a maior rede humanitária do mundo, que inclui o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) e 192 Sociedades Nacionais.

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